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Inclusão escolar

No vídeo de hoje vamos falar sobre o direito das crianças  que têm Epidermólise Bolhosa de frequentar a escola. Além de esclarecer sobre a parte legal, vou dar dicas de como facilitar a inclusão escolar.  

Antes de tudo,  é preciso esclarecer o que é a Epidermólise Bolhosa. De acordo com a Debra Brasil, a Epidermólise Bolhosa (EB), é uma doença genética rara e não contagiosa. Todas as formas possuem o principal sintoma que é a extrema fragilidade da pele e bolhas ou rompimento da pele com qualquer trauma ou fricção.  O tratamento das feridas é feito com a aplicação de curativos especiais. 

As manifestações da EB,  a depender da forma e gravidade, podem ser leves, como bolhas ocasionais, ou implicarem em limitações físicas importantes.  Por isso, algumas pessoas com EB são também pessoas com deficiência física. Felizmente, a doença não afeta o desenvolvimento cognitivo.   

Devido a complexidade da EB, muitos pais, por medo que seus filhos sofram preconceito ou se machuquem na escola, optam por postergar o início da vida escolar,  ou mesmo não matricular suas crianças  na escola, o que traz prejuízos para sua educação formal, mas principalmente tolhe oportunidades fundamentais de socialização. 

Muito além de aprender, é na escola que a criança adentra em outro tecido social, se depara com novos valores, novos costumes, aprende a respeitar horários e a se relacionar com o outro.  No caso das crianças com EB, a experiência na escola se torna ainda mais intensa, pois, é neste espaço que a criança terá que lidar com olhares e perguntas sobre sua pele sem a proteção dos pais. Apesar de difícil,  especialmente no período de adaptação, este movimento é importante para a construção da autonomia da pessoa com EB. 

Mas como tornar a inclusão escolar mais leve para as crianças, sua família e a escola?

Seguem algumas recomendações que eu considero importantes:

  1. Os pais precisam conhecer a lei. Ao buscar uma escola para seu filho com EB, os pais não está pedindo um favor, e sim exercendo um direito. Estamos falando do direito Fundamental à educação, previsto na Constituição Federal. A negativa de matrícula para uma criança em decorrência da EB é uma violação ao direito à educação inclusiva e a dignidade da pessoa humana.
  2. Seja cuidadoso com a escolha da escola. Observe as condições de acessibilidade, ventilação e conforto. Escadas podem ser um problema para pessoas com EB, assim como  salas pequenas e com pouca ventilação;
  3. Observe a distância da escola até a sua residência e os horários de entrada e saída,  pois, a criança com EB pode precisar de um tempo maior para sua higiene pessoal e cuidados com a pele;
  4. Algumas escolas têm uniformes de cor mais escura, o que é interessante para quem tem EB, pois, disfarçam sujidades do processo de cicatrização da pele;
  5. Deixe para falar sobre a EB depois de conhecer a estrutura da escola, o programa de ensino e de certificar-se de que há vagas disponíveis na série do seu filho; 
  6. Para facilitar sua fala sobre a Epidermólise Bolhosa, leve informativos disponíveis no site da Debra ou desenvolvidos pela associação regional de que participa. É muito provável que ninguém na escola conheça sobre a patologia; 
  7. Ainda antes de realizar a matrícula, leve  seu filho até a escola e observe como ele se sente e a forma como é acolhido;
  8. Antes do início das aulas solicite uma reunião com os professores que estarão diretamente envolvidos com seu filho, diretoria e coordenação. O objetivo é que a equipe tome conhecimento que seu filho irá estudar na escola, os cuidados que ele precisa e possam ainda esclarecer suas dúvidas;
  9. Algumas crianças precisam de tutores, especialmente nas primeiras séries, para acompanhá-los e prevenir  quedas e traumas; Este é um direito da criança e pode ser solicitado tanto em escolas particulares como públicas. Neste caso, aplica-se a Lei Brasileira da Inclusão (LBI);
  10. No primeiro dia de aula do seu filho, peça autorização da escola para você ter um momento de conversa com a classe. Explique de forma amorosa aos colegas do seu filho, o motivo dele ter  machucados na pele e aproveite para pedir colaboração, no sentido de evitar empurrar,  puxar brinquedos, etc. Eu fiz isso utilizando o livro “ O primeiro dia de aula da Valentina” e foi lindo.  Vou contar mais sobre esta experiência no próximo post. 
  11. Prepare alguns materiais informativos para os pais dos colegas do seu filho também. Com certeza as crianças chegarão em casa contando sobre o seu filho e os pais além de conhecer sobre EB, poderão auxiliar, na tarefa de pedir que eles sejam cuidadosos para evitar traumas; Aproveite para esclarecer que seu filho tem a pele mais delicada, mas é uma criança com muitos talentos e não é necessário ter pena. 
  12. É importante que seu filho leve um kit de curativos especiais, pois, apesar de todo cuidado, acidentes acontecem. Combine com a escola como proceder no caso de acidentes e realize um treinamento básico com mais de uma pessoa da escola para situações emergenciais. 

E para finalizar, mais duas considerações:  é muito comum que as escolas não conheçam sobre EB e sintam receio, medo mesmo, de matricular uma criança com EB. Por isso, é tão importante que a família leve informação e se coloque  à disposição para ajudar e tranquilizar a escola.

Se você, familiar, gostou da escola, sabe que há vagas para a série do seu filho e recebeu uma negativa de matrícula, não aceite!

Seu filho tem direito de frequentar a escola! Se necessário, busque recurso legal. Ensine seu filho que ele tem o direito de estar onde ele quiser. 

E chega de prosa, bora estudar! No dia a dia, muitos dos receios iniciais serão naturalmente dissolvidos. 

Você gostou deste post? Tem alguma informação ou dúvida para contribuir? 

No próximo vídeo vou falar sobre a nossa experiência com a inclusão escolar da Valentina, desde a busca pela escola, os cuidados na escolha e as ações para facilitar sua adaptação. Até mais

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